sábado, 2 de maio de 2009

Leitura de mundo

A aula do dia 28/04/2009, nos remeteu a uma reflexão muito propícia. "Alfabetizar. Como fazer um indivíduo ler?"
Sim. Este é um questionamento muito comum entre profissionais da área de educação, já que presenciamos atualmente a era do déficit de aprendizagem.
Paulo Freire durante sua vida, enfatizou algo muito interessante com relação não só a alfabetização, mas, principalmente, a formação de um ser ativo e consciente, que, evidentemente, inicia seu legado a partir dos primeiros instantes de sua vida cotidiana e escolar. O diálogo. E seria por meio deste que a troca de idéias e valores se iniciaria e, desta forma, proporcionaria uma reflexão a cerca de inúmeros problemas ou soluções nos impostos opressivamente, deixando claro que será pelo diálogo o "caminho pelo qual os homens ganham significação enquanto homens. Por isso, o diálogo é uma exigência existencial". (FREIRE, 1987, p. 79)
Contudo, para que o diálogo ajudasse na aprendizagem seria necessário incorporar as aulas a realidade (história real) destes indivíduos. O que faria com que a "educação bancária" parece de encher nossos alunos com informações e conhecimentos vazios e alienantes e, consecutivamente, deixasse de existir, implantando agora uma alfabetização interessante e significativa, onde assim como apresentado por Rosineide Sousa (2004, p. 10) se despertasse "o interesse e gosto pela leitura desde o início da alfabetização", já que a leitura e a escrita são o carro chefe deste período escolar.
Porém, hoje, apesar de tantas discussões acerca da alfabetização nos deparamos com um inacreditável índice de analfabetos funcionais em nosso país, onde o indivíduo decodifica letras e sílabas sem as compreender, o que nos remete a outro tema substancial: o letramento. Segundo Magda Soares (1998, p. 39) letramento seria "o resultado da ação de ensinar e aprender as práticas sociais de leitura e escrita, e também o estado ou condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita e de suas práticas sociais", ou seja, ler e compreender.
O que ocorre em nossas escolas, no entanto, é exatamente o que Paulo Freire repugnava. A formação de indivíduos alienados e oprimidos, certos de que deveres possuem aos montes, porém direitos nunca possuíram. E é, desta forma, que retornamos a pergunta inicial : "Como alfabetiza?" A verdade é que para alfabetizar, primeiramente o professor deve compreender que seu papel não é o de opressor, mas sim o de informante e questionador, que fará com que seus alunos reflitam acerca de suas realidades e percebam o que é certo ou errado. Após isto, este deverá ter noção dos objetivos da alfabetização e perceber a relevância da leitura e da escrita para a formação de pessoas interessadas e motivadas em aprender cada vez mais, além de entender que a leitura não se inicia dentro da escola, mas sim desde o primeiro momento em que o indivíduo compreende algo, ou seja, que a leitura está em toda parte e não apenas em livros revistas e jornais, mas também em rótulos, desenhos, fotografias etc.
"Para pensar: "Formar crianças, jovens e adultos letrados é dar-lhes instrumentos para obter informações, atualizar-se, lutar por um emprego, conhecer o ponto de vista de pessoas próximas ou distantes, e ainda viver as emoções e aventuras narradas pelos autores de obras literárias". (CARVALHO, 2005, p. 18)
OBS: A foto acima é de Paulo Freire.
OBS2: Citei: CARVALHO, Marlene. Guia prático de alfabetizador. Rio de Janeiro, Ática, 2005.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987.
SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte, Autêntica, 1998.
SOUSA, Rosineide Magalhães de. Processos iniciais de leitura e escrita. Secretaria de Educação Básica - MEC/SEB, 2004.

domingo, 26 de abril de 2009

Carta de apresentação

Queridos amigos, venho por meio desta carta me apresentar, apesar de muitos já fazerem uma idéia bem clara de quem sou eu.
Me chamo Rafaela e adoro este nome. Já perguntei inúmeras vezes para minha mãe o porque deste, porém a resposta que tenho não é nada criativa (se é que vocês me entendem.). "Escolhi este nome por que era bonito." diz minha mãe. Convenhamos, é bonito mesmo,né!!!???
Pois bem, também adoooooro quando me chamam de Rafa ou Rafinha e até de "Chataela", apelido entitulado a mim por minha ilustríssima amiga Suelen (Susu). Olha, eu não sou chata, só falo além da conta.
Não acredito que falar seja um defeito, mas convenhamos quando a fala é excessiva fica chato, e eu (às vezes) sou assim, tagarela. Mas, apesar de tudo, parece que todos a minha volta gostam de mim (ou será que fingem?kkkkk)
Vivo com meus pais e irmão, que me proporcionam momentos familiares incrivelmente "bipolares". Hoje todos felizes, amanhã, todos querendo matar um ao outro. kkkkkkk
A verdade é que me sinto segura e amada em minha casa com essas pessoas pelas quais daria minha vida.
Desde de pequena, sempre quis ser professora, na verdade, digo que desde que quando ainda era um espermatozoide tinha este sonho.
Se me perguntavam: "Vamos brincar?", eu respondia: "sim, de escolinha". Existiram momentos em que todos me olharam torto e eu tive que ceder e brincar de pique ou sei lá o que. O que não importava, pois quando chegava em casa ia pro quarto, pegava minhas bonecas e brincava sozinha. (Até hoje tem uma senhora na minha rua que diz: "Como essa menina brigava com as bonecas brincando de professora. Essa gostava tanto que hoje é o que sempre quis ser.").
É, hoje eu sou o que sempre quis ser. Isso me emociona, pois penso nas inúmeras vezes que ouvi meus pais, tios, avós etc., dizendo que ser professora não dava dinheiro. Tinha que ser engenheira, médica qualquer coisa menos professora. Eu ouvia, balançava a cabeça em afirmativa, mas na verdade estada dizendo um grande não com toda a força do meu coração.
Me formei em 2003 como uma das melhoras alunas do curso e todo mundo ficou feliz. (O que poderiam fazer? Era o destino.)
No ano seguinte fui trabalhar, e foi aí que descobri que não tinha aprendido "nada" no normal. Como a prática me assustou! A primeira turma foi um jardim II, que continha 25 lindas crianças, sendo que uma valeia por 10. Alexia. (Jesusssss!!!!!!!!). Aquela menina fugia da sala, fugia da escola, eu.......????? Chorava.
Até que meu "instino professora" resolveu tomar conta e fui descobrindo mecanismos que fizeram com que ela gostasse de mim e, consecutivamente, se acalmasse, o que proporcionaria um melhor ensino-aprendizado. Nossa! Quando percebi que ela estava aprendendo, meu coração saltou de alegria e entusiasmo. Eu era, VERDADEIRAMENTE, professora. Mas meu maior desafio ainda estava por vir.
Nos anos seguintes lecionei para uma 2ª série, uma 3ª serie e o C.A. Essa sim uma turminha do barunlho.
Um hiperativo era mole, agora eu tinha 3 com atestado médico e tudo, sendo que os outro não deixavam por menos.
Nossa, como eu chorei! Minhas amigas sofreram, minha mãe sofreu (Atenção: este era um enorme motivo para minha mãe soltar aquela frase: " Isso não vale a pena. Abandona!")
Eu tentava desabafar com todos a minha volta, pedindo auxílio, idéias, suporte. As aulas de Tae de Línga Portuguesa para o ensino fundamental viraram meu divã e a professora Sônia Sandra minha psicóloga.
Hoje percebi que isso se chama crescimento. Sim. Se não tivesse passado por tudo isso, não seria o que sou atualmente.
Agora me sinto confiante, segura, tranquila. Aprendi. Essa é a verdade. Estou no 10 º período (último?será? kkkkkk) carregando uma "bagagem cultural", assim como aprendemos lá no primeiro período com Bourdieu, enorme e recorrente de conhecimentos não apenas teóricos, mas, principalamente, práticos.
E é neste último momento que outros receios e angústias me atingem. Escrever minha monografia (Meu Deus, às vezes me pergunto se serei capaz!) e agora este blog/potfólio proposto pelo professro Ivanildo de Araújo direigente da turma de Tae de Língua Portuguesa destina a educação infantil, onde terei de apresentar minhas ideias e reflexões acerca de tudo o que já aprendi e vivi até hoje, me deixam de cabelo em pé. kkkkkkk
Enfim, espero que daqui a 4 meses (ou mais, não sei.) possa me sentar aqui e continuar a escrever esta historia que ainda, espero, estar muito longe de terminar. Contando como foi a apresentação da monografia, o que o professora achou do blog e o que adquiri de incrivelmente positivo para minha vida particular e profissional.

Beijocas,
Rafa Siqueira

PS: A criança da foto sou eu, Rafa.
PS2: Desculpem pelo tamanho do "post", mas quem fala muito, também escreve muito. kkkkk